Nos livros de história e em muitas enciclopédias
encontraremos algumas notas sobre quem foram os anabatistas. Em alguns livros
são chamados de "dissidentes", e em outros de "seita de heréticos". Há
escritores que não querendo se comprometer com sua maioria de leitores católicos
ou protestantes, chama-os de "fanáticos religiosos".
Observando estas poucas entre muitas referencias erradas sobre eles, podemos
analisar cuidadosamente. Eram dissidentes? Não. Dissidente é uma pessoa que se
separa de outro por algum motivo. Eles não se separaram de ninguém. Apenas não
concordavam com heresias dentro da igreja. Se uma igreja tem 20 membros. Quinze
resolve mudar a fé. Cinco permanecem fiéis. Quem
dissidiu? Os quinze que estão no erro ou os cinco que
permaneceram fiéis? É evidente que dissidente é aquele que saiu daquilo que está
certo e firmado.
Chamá-los de um ajuntamento de heréticos é o mesmo
que chamar os apóstolos de heréticos. Não foram os anabatistas que mudaram de
fé. Nunca foi a intenção de um anabatista mudar aquilo que Deus ordenou.
Heréticos foram os pastores e membros das igrejas erradas, os mesmos que
posteriormente foram conhecidos como católicos. Os anabatistas não eram uma
facção de cristãos. Eles eram os verdadeiros cristãos. Portanto, seita foi a igreja - Católica - que surgiu tendo como membros
indivíduos e pastores excluídos por motivos biblicamente corretos.
Também não eram fanáticos religiosos. Seguir a
Cristo como manda as escrituras não é ser fanático, é ser discípulo verdadeiro.
Discordar de heresias não é fanatismo, é zelo pela palavra de Deus. Seria os apóstolos fanáticos? Zaqueu foi um fanático por
querer fazer a vontade de Deus? Paulo foi um fanático quando condenou a
idolatria? Pedro foi um fanático quando discordou da salvação pelas obras? De
forma alguma. A maior prova de que os anabatistas não eram fanáticos está no
exemplo dos primeiros cristãos mencionados no livro de Atos.
Podemos afirmar com certeza que os anabatistas foram
os verdadeiros seguidores de Jesus entre os anos de 225 até os anos de 1600.
Homens que amavam servir a Cristo. Eram cristãos que não concordavam com o erro
grotesco de ver pessoas acreditando que o batismo ajudava na salvação; Cristãos
que não aceitavam em ver um bispo monárquico querendo mandar no rebanho de Deus.
Igrejas que tiveram a coragem de excluir do meio cristão original as igrejas
heréticas. Foram eles os autênticos sucessores dos apóstolos na obediência a
Jesus e a sua Palavra.
O próprio título confessa que o sobrenome dado aos
cristãos fiéis - anabatistas - é um apelido, e tem tudo a ver com o propósito
para o qual ele foi dado. Anabatistas é uma palavra grega que significa "batizar
outra vez". O prefixo "ana" quer dizer outra vez, e a
raiz "batista" significa mergulhar ou batizar nas águas. Assim, quando uma
igreja era chamada de anabatista por outra, significava que ela batizava outra
vez os membros vindos das igrejas erradas.
Este apelido foi usado pela primeira vez na Ásia
Menor para distinguir nesta região as igrejas fiéis das erradas. O local mais aceito como sua origem é na Frígia, local de
onde saiu o pastor Montano para pregar contra os dois erros mencionados no
segundo capítulo, os quais, corrompiam as igrejas cristãs. Montano foi um pastor
muito itinerante, e por isso sua mensagem se esparramou por toda Ásia Menor,
fazendo que as igrejas dessa região permanecessem fiéis a doutrina recebida pelos apóstolos. Montano viveu cerca de
156 A.D. Foi justamente nessa época que as igrejas da
Ásia Menor resolveram rebatizar membros vindos de igrejas erradas. Então pela
primeira vez uma igreja foi conhecida como "anabatista". Oficialmente ele é
usado em 253 A.D., pelo bispo romano Estevão que,
indignado com o fato de ver sua igreja excluída pelas igrejas da Ásia, resolveu
chamá-las de "anabatistas". O fato é que depois do bispo romano ter se manifestado, todas as igrejas que não concordavam com a idéia
de Salvação através do batismo e da necessidade de um bispo monárquico, foram
conhecidas como anabatistas.
Talvez o leitor esteja confuso e pergunte o por que
dos cristãos ter a necessidade de receberem outro apelido além de cristão. Um
crente fiel ao Senhor tem muito amor aos ensinos da Bíblia. Jesus ao enviar a
grande comissão dá três ordens: Fazer discípulos; batizar; e ensinar as coisas
que ele ordenou; Então, uma igreja fiel irá: pregar, batizar e ensinar o que ele
ordenou. Note que ele diz: "vos tenho ordenado". Ordem é ordem. Mandamentos são
mandamentos. A igreja não pode fazer aquilo que não lhe foi
ordenado, mas somente o que Jesus mandou. Por isso as igrejas fiéis não
podiam e nem podem se submeter a erros heréticos como mudar o plano de salvação
e a chefia da igreja!
A exclusão das igrejas erradas em 225 A.D. pelas igrejas fiéis foi uma atitude necessária para a
conservação do evangelho puro e original. Assim como um membro profano deve ser
excluído do seio da igreja, da mesma forma uma igreja profana deve ser excluída
da comunhão com as outras igrejas fiéis. O próprio Senhor Jesus nos ensina no
livro de Apocalipse que o simples fato de uma igreja não ser fria nem quente é
motivo de ser "vomitada". Queiram os ecumênicos ou não, já no segundo século
havia dois tipos de cristãos: os fiéis ao evangelho e os infiéis. Os infiéis,
excluídos em 225, já não tinham mais o direito de batizar, ao menos que se
reconciliassem. Como isso não aconteceu perderam totalmente a ordem do batismo.
Aceitar o batismo de uma igreja excluída é o mesmo que aceitar que um crente excluído saia por aí batizando todo mundo.
Conclui-se que o rebatismo de membros vindos de uma igreja excluída é algo
necessário, pois quem não recebe o batismo de uma igreja biblicamente aceita,
não recebeu o batismo cristão.
Portanto, o apelido anabatista, só apareceu porque
as igrejas erradas não quiseram arrepender-se de seus erros. Além do que, não se
chamaram assim, mas foram pelas igrejas erradas assim
chamados. O fato dos anabatistas não terem
repudiado o apelido significa que o mesmo estava de acordo com uma
realidade da época, ou seja, precisava ter rebatizadores para enfrentar as
heresias das igrejas erradas.
CAPÍTULO
IV
AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS
ANABATISTAS
Como vimos nos capítulos anteriores, as igrejas
fiéis, a partir do ano de 253.A.D., foram decididamente
conhecidas pelas igrejas erradas pelo apelido de anabatistas. No presente
capítulo estudaremos as aflições que esses crentes passaram para permanecerem
leais ao ensino de Jesus. Foram duas fases distintas de perseguição. Na primeira
fase a perseguição foi sofrida juntamente com as igrejas erradas, pois, para
todos os efeitos, os pagãos não saberiam bem distinguir quem era o certo e quem
era o errado. Aos pagãos o que interessava era eliminar
o cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. A
partir desta data, o Imperador Constantino fez uma proposta de casar o Estado
com a Igreja. As igrejas erradas aceitaram o convite. As fiéis não. Começou
então a segunda fase de perseguição. Neste período vemos as igrejas fiéis
sofrendo perseguições nas mãos de igrejas erradas. Abaixo temos um breve relato
destas duas fases de perseguição.
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